Resenha vigotsky e wallon
Eduardo Meksenas A obra produzida por Karl Marx (1818-1883) teve pouca repercussão na época em que foi escrita, embora fosse atual e coetânea dos acontecimentos que tratava. Esta, aliás, uma característica importante de seu pensamento: estava em perfeita sincronia com o momento histórico em que ia sendo elaborado, constituindo-se numa reflexão teórica sobre os acontecimentos. Seu pensamento como que moldava os acontecimentos e era dialeticamente moldado por eles, numa interação dinâmica; seu pensar era movimento constante, sem as ilusões de elaborar um sistema engessado cuja verdade estática consistisse na última palavra imutável sobre o que quer que fosse. Marx era dotado de profundo senso histórico.
Karl Marx foi um escritor tremendamente realista e material: refletia sobre o que via e vivia, analisava o que acontecia ao seu redor, a chamada “realidade concreta”, embora sua visão não se detivesse na superfície aparente dos eventos, mas ultrapassava-os na busca de suas origens, no auscultar de seus desdobramentos lógicos, nas suas articulações com outros acontecimentos e situações. O mundo concreto e o homem real constituíam sua matéria prima e objeto de sua filosofia.
No entanto, obras fundamentais como “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel” (1843), “Manuscritos Econômico-Filosóficos” (1844), “Teses sobre Feuerbach” (1845), “A Ideologia Alemã” (1846), “Teorias da Mais-Valia” (1862) e os volumes II e III de “O Capital”, por exemplo, somente começaram a ser publicadas após a sua morte, algumas quase 50 anos depois, como lembra Perry Anderson. Mesmo o “Manifesto Comunista”, publicado pouco antes das eclosões de 1848 (em fevereiro/1848) nenhuma repercussão teve além do círculo restrito que o encomendou.
A influência maior na época foi a exercida pelo homem Karl Marx, e não pelo filósofo: sua intensa militância em movimentos sociais e populares, sua “consultoria” e orientação a várias associações e organizações