Resenha Vidas em Português
A ideia do projeto que o diretor teve é simplesmente fascinante. Mostrar a valorização, o uso e as nuances de um mesmo português em diferentes lugares do mundo é realmente interessante. O diretor procurou fazer uma reconstrução da trilha da língua portuguesa, desde a chegada dela nessas regiões até suas mudanças e reinvenções. Como Saramago disse "não há uma língua portuguesa, mas línguas em português".
Essas variação percebidas no documentário representam a interculturalidade, a diversidade, que se obtém através do convívio e de trocas feitas com outras línguas. Nota-se diversidade, inclusive, dentro de países falantes de português, o que não se vê no documentário. A diferença entre o português do Rio de Janeiro e o português do Ceará, por exemplo, é bem nítida.
Ainda sobre isso, o longa discute um tema bem presente em nossas vidas: o preconceito linguísitico. É comum notar variedades na língua em uma mesma cidade. Pessoas são diferentes e, consequentemente, falam de maneiras diferentes, mas isso não nos dá o direito de julgar alguém por sua maneira de falar, afinal, como já foi citado e visto no documentário, a língua é mutável.
A língua, por sua vez, não é apenas uma maneira de interagir, se comunicar com outros falantes daquele mesmo idioma. A língua é indentidade nacional de um povo, é sua cultura, sua história, sua memória. Saramago explicita bem disso dizendo "Nós sempre queremos pertencer a alguma coisa mesmo que a plena liberdade seja não pertencer à coisa alguma, mas como não pertencer à língua que lhe foi ensinada?".