Resenha - Velhos Mapas, Novas Leituras
Muitos são os símbolos e linguagens através dos quais o homem tem registrado sua história através do tempo. Dentre estes símbolos, o mapa é sem dúvidas um dos mais abrangentes e eficazes no que se propõe, pois seu alcance independe de idioma ou mesmo da tecnologia com a qual seja confeccionado. O mapa mais antigo que se tem notícia, conjectura-se, seja o de Ga-Sur, feito na Babilônia. Era um tablete de argila cozida de 7 x 8 cm, datado de aproximadamente 2400 a 2200 a.C. Representa um vale, presumidamente o rio Eufrates. Desde as primeiras representações até os nossos dias, quando contamos com a tecnologia da captação de imagens orbitais, a função dos mapas muda na mesma proporção que as sociedades e as intenções que os concebem. Entender tais intenções e suas consequências ao longo do tempo, é o que se propõe a História da Cartografia em sua renovada abordagem do mapa, como produto científico-cultural. O artigo escrito por Maria do Carmo Andrade Gomes, para a revista GEOUSP, traz significativa seleção de ideias neste sentido, valendo-se de uma gama de autores especializados na nova leitura destas representações gráficas. Inicialmente, acerca da trajetória da História da Cartografia até sua constituição como disciplina, recorre ao autor J. Brian Harley (1987), sobre a consolidação a partir do séc. XIX, que se dará por diversos fatores. Pode-se destacar, entre outros: a intensificação do interesse pela pesquisa dos mapas antigos, em paralelo à cartografia contemporânea; impulso pela crescente emergência e institucionalização da Geografia enquanto ciência (meados de 1850, nações em formação e o respectivo crescimento de acervos cartográficos e o surgimento de bibliotecas especializadas); desenvolvimento do mercado antiquário de mapas e as contribuições em pesquisa e escrita dos colecionadores (embora condicionadas pela influencia da apreciação artística) para a História da Cartografia;