resenha - um outro olhar sobre o preconceito
Frederico Mendes Figueiredo
O filme Blue Eyed (Olhos Azuis), documentário do produtor polonês Bertram Verhaag, filmado em 1996, mostra um workshop sobre racismo feito pela professora Jane Elliot, onde pessoas que normalmente não sofrem preconceitos passam por esta experiência. A professora americana, nascida em 1933 na cidade de Riceville, Iowa, tornou-se conhecida como uma ativista pelos direitos dos negros, mulheres e homossexuais. Sua primeira experiência, chamada de Blue-eyed/Brown-eyed (Olhos azuis/Olhos castanhos), foi feita em sala de aula, com seus alunos da terceira série, em 1968, no dia seguinte ao assassinato de Martin Luther King. Nela, os alunos foram separados de acordo com a cor de seus olhos, e um grupo (os alunos de olhos castanhos) foi escolhido para ser discriminado pelo outro. Dias depois, ela inverteu os grupos. A intenção era mostrar que uma característica física não podia determinar a maneira como devemos tratar as pessoas. No início do filme aparecem trechos do famoso discurso de Luther King nos degraus do Memorial de Lincoln, em Washington, a 28 de agosto de 1963, em referência à motivação de Jane para efetuar o experimento com seus alunos. Desta vez, ela o realiza com adultos. Na chegada dos participantes ao local do workshop, já se percebe o que a professora deseja: fazer as pessoas de olhos claros sentirem-se mal, pelo tratamento a elas dispensado. Trata-os rudemente – um deles chega a ser retirado do local, voltando somente após comprometer-se a aceitar todas as regras impostas – e coloca-os separados dos outros (os de olhos não-azuis) em uma sala com poucas cadeiras e sem refrigeração ou água. Deixa-os ali por um longo tempo. Enquanto isso, combina com os demais participantes que os “de olhos azuis” serão tratados da mesma forma como o são os grupos da sociedade que mais sofrem discriminação, como os negros, as mulheres, os imigrantes e os homossexuais. Fornece, inclusive, o gabarito de