Resenha - Triste Fim de Policarpo Quaresma
BARRETO, Lima, Triste Fim de Policarpo Quaresma, - 1 ed. - São Paulo : Rideel, 2000.
Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado como romance de folhetim em 1911. Quatro anos depois foi publicado em livro, a linguagem utilizada por pelo autor era simples e compreensível, além de que ele era um mulato com ideias socialistas, fato que fez com que o meio intelectual da época, que vivia sob forte influencia romântica e parnasiana, reagisse chamando o escritor de semianalfabeto, condenando-o à marginalidade e a exclusão. Lima Barreto sofreu muito por criticar os poderosos burgueses, foi internado em sanatório, tornou-se alcoólatra e morreu precocemente em estado de completo abandono e miséria.
Policarpo é chamado de “Dom Quixote Brasileiro”, pois grande parte do enredo se trata das desilusões do personagem com seu país. Policarpo tem muito de Dom Quixote em relação à percepção da sociedade, é ridicularizado por todos a sua volta, ele é o único que não se deixa levar pelo mundo limitado da alta sociedade do século XIX.
O livro é dividido em três partes, cada uma narra um grande projeto do protagonista.
A primeira parte se passa no Rio de Janeiro, onde Policarpo trabalha como funcionário do Arsenal de Guerra. Ele vive com a irmã, Adelaide, e dedica seu enorme tempo livre ao estudo minucioso sobre o Brasil. É conhecido como Major Quaresma, embora não tenha essa patente militar. Seu patriotismo exagerado é motivo de riso nas redondezas.
É aí que entra em cena o personagem Ricardo Coração dos Outros, quando Policarpo decide dedicar-se às aulas de violão, instrumento que ele julgava expressão máxima da alma nacional. O costume de tocar violão era visto com maus olhos pela elite da época. O instrumento era considerado sinônimo de boêmia e vadiagem, hábitos que poderiam levar quem os praticasse a passar a noite na cadeia e ainda tomar uma tremenda surra.
Por isso, a zombaria em torno de Policarpo aumenta