resenha thompson
Edward Palmer Thompson apresenta como objetivo de sua discussão demonstrar como a transição para a sociedade industrial influenciou e repercutiu na mudança no senso de tempo, afetou a disciplina de trabalho e influenciou a percepção interna de tempo dos trabalhadores, bem como acarretou a reestruturação dos hábitos de trabalho.
Inicia discorrendo sobre o modo de medição do tempo nas sociedades pré-capitalistas, nas quais a medição de tempo relaciona-se aos processos familiares no ciclo do trabalho ou de tarefas domésticas. Nestes contextos, as notações de tempo são descritas como orientações pelas tarefas, cuja essência preza pela realização primeira das necessidades básicas, pois “mais humanamente compreensível do que o trabalho de horário marcado” (Thompson, 1998, p271). Além disso, neste sistema há menos separação entre o trabalho e a vida, haja visto que estes dois elementos se misturam no cotidiano. Porém, eis que surge um desvio no processo de uso do tempo em direção ao uso “útil” deste tempo. Com o aparecimento inevitável da figura do empregador, mesmo dentro das famílias de artesãos, “o que predomina não é a tarefa, mas o valor do tempo quando reduzido a dinheiro. O tempo agora é moeda: ninguém passa o tempo, e sim o gasta.” (Thompson, 1998, p272). Aí tem-se a afirmação da ideologia mercantilista, que mais tarde constituiria bases para a Revolução Industrial e o desenvolvimento do capitalismo industrial. A este fenômeno, segundo o autor, agrega-se a expansão comercial dos relógios pelo mundo, como instrumento de medição do tempo com a finalidade de controle e exploração da classe trabalhadora.
O autor chama a atenção para o fato de que costumes populares tradicionais passaram a ser encarados como marcas de um passado degenerado, indolente e ineficiente. A dureza com