Resenha The Spectacular Now
Quando o tema abordado é adolescência, há infinitas maneiras de analisar e interpretar essa fase. Nem todos conseguem o fazer com tanta naturalidade e coerência como James Ponsoldt, que retrata dificuldades ordinárias vividas pela maioria dos jovens, baseadas nas marcas deixadas nos filhos pelo vício e abandono dos pais. Para Sutter Keely (Miles Teller) o futuro não é uma opção e, assim como muitos adolescentes, só pensa em viver o agora. Devido à triste herança deixada pelo sumiço do pai (Kyle Chandler), o garoto é um alcoólatra sem limites. Ao conhecer Aimee Finicky (Shailene Woodley), com personalidade completamente oposta, mas com experiências familiares semelhantes, seus destinos não mudam drasticamente como aconteceria em qualquer outro romance. Pelo contrário, encontram um no outro o apoio necessário para enfrentar os problemas de relacionamento com a família. A perfeita química do jovem elenco revela de forma completamente cativante os reflexos do abandono dos pais: a decepção, que gera um desejo de fazer diferente e o determinismo genético, o medo de que repetir os mesmos erros seja inevitável. O imediatismo de Sutter não se dá graças ao temor de assumir inúmeras responsabilidades iminentes, mas de não conseguir cumpri-las. Esse é o fantasma que assola todos aqueles que se deparam com o fim da juventude. O fato de os protagonistas serem de “grupos escolares” distintos, um popular e outra nerd, não torna forçado, muito menos clichê, o envolvimento de ambos, pois a linha é traçada sutilmente. Isso acontece porque os grupos de jovens não são retratados de maneira estereotipada, os populares não são mesquinhos insuportáveis e os excluídos não são geeks incomunicáveis. Apesar dos personagens viverem em um estado lúdico e juvenil, o clima do filme é totalmente realista, principalmente quando eles são expostos a diferentes problemas, todos próximos aos que os jovens que o assistem enfrentam. Essas