Resenha - tempos modernos - charles chaplin
O filme de Charles Chaplin reportou-se às péssimas condições de trabalho, às árduas horas de trabalho e ao desempenhar repetitivo das tarefas rotineiras na indústria (onde apertava parafusos e puxava alavancas), decorrente da maior especialização da linha de produção fordista. Com a divisão das tarefas não era mais permitido ao trabalhador saber o que estava sendo produzido. Como o trabalhador não participava das demais etapas do processo produtivo ele perdia a noção total de produto. Tanto que para expressar esse fenômeno, Chaplin não nos deixa saber qual o produto que a indústria no filme está produzindo. Chaplin não apenas aborda as questões trabalhistas em si, mas também uma perspectiva da humanidade que busca a felicidade. A frase do início do filme pontua a idéia central da obra: “Tempos Modernos. Uma história sobre a indústria, a iniciativa privada e a cruzada da humanidade em busca da felicidade.” O personagem de Chaplin representa o trabalhador da primeira metade do século XX em vários aspectos, contudo simultaneamente ressalta o desajuste à modernidade burguesa. Por um lado, o trabalhador industrial se destaca da multidão como individualidade heróica que se identifica com o público-massa, mas por outro, pontua uma tentativa frustrada de inserção na sociedade capitalista traduzida na busca pelo anonimato (configurando-se em um anti-herói problemático). A constante sensação de estranhamento com relação à sociedade é o elemento central do filme. Tanto no ambiente de trabalho quanto em seu cotidiano sempre há um desajuste à realidade. A ligação com a máquina (característica do capitalismo, que busca maximizar o lucro) é tão grande que, em determinado momento, o trabalhador industrial passa a ser parte dela (Carlitos é engolido por ela e, após um dia estressante dia de trabalho é dominado pela loucura). É possível observar que, tenta-se fazer do ser humano uma máquina, com a realização de trabalhos