Resenha Sociologia Da Sexualidade Michel Bozon

SOCIOLOGIA DA SEXUALIDADE – MICHEL BOZON ‘’A sociologia da sexualidade não existe’’. É assim que o autor Michel Bozon inicia o livro ‘’A sociologia da sexualidade’’ traduzido e publicado pela editora Fundação Getúlio Vargas. Se a sociologia da sexualidade não existe, por que escrever um livro sobre o assunto? Talvez esse seja o questionamento inicial de alguns leitores. Respondendo a essa questão inicial logo nas primeiras linhas de texto, o autor discorre sobre a dificuldade de organizar conhecimentos de uma área que, muitas vezes, parece distante da sociologia, por ser próxima do que é considerado do terreno do individual.
A sexualidade, além da dimensão individual, tem uma dimensão social, pois, segundo o autor (p.13), a construção social tem um papel central na elaboração da sexualidade humana. Como é uma construção social, então, é moldada segundo a cultura de determinada sociedade. Por designar a sexualidade ao terreno do cultural, desnaturalizando-a, a associação obrigatória entre sexo e reprodução perde o sentido, e é isso que o autor apresenta na primeira parte do texto (p. 19).
Apresentando as questões iniciais relacionadas à antiga ordem de procriação, o autor (p. 21) escreve sobre a divisão binária e hierarquização dos gêneros (feminino e masculino), na qual um dos dois é valorizado em detrimento do outro. É o que, segundo o autor (p.21), Françoise Héritier chama de ‘’valência diferencial dos sexos’’. A diferença entre os sexos, nesse contexto de associação entre sexualidade e cultura, então, vai além da anatomia. Está inscrita nos papeis sociais de cada um, na posição sexual e no modo de se vestir, por exemplo. Sobre essa diferença sexual ainda, Bozon aponta (p.25) que o que é permitido socialmente (lícito ou ilícito) não coincide entre homens e mulheres, inclusive, em muitas culturas, essa diferenciação designa à mulher um papel subordinado.
Voltando a ideia de desnaturalização da sexualidade, o autor (p. 38) aponta o controle de natalidade,