Resenha sobre "O atlântico Negro: modernidade e dupla consciência"
Disciplina: Cultura Afro-brasileira
6 out. 2014
Identidade por vias marítimas
GILROY, Paul. O atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo: Ed.34, 2001. p. 33-99.
Cultura e identidade são aspectos abordados no livro do sociólogo inglês Paul Gilroy, que repudia as perigosas obsessões com a pureza racial e questiona a definição de cultural nacional atual e busca explorar as relações entre raça, nação, nacionalidade e etnia, para colocar em xeque o mito da identidade étnica e da unidade nacional. O autor enfatiza o problema e os limites da identidade étnica e racial.
Em sua análise, a noção de diáspora não representa uma forma de dispersão catastrófica, mas um processo que redefine a mecânica cultural e histórica do pertencimento e identificação. As relações estabelecidas em decorrência da diáspora permitem às populações dispersas conversar, interagir e efetuar trocas no âmbito cultural.
A referência ao mar indica movimento, miscigenação, colaborações mútuas, enquanto o navio representa "um sistema vivo, microcultural e micropolítico em movimento que coloca em circulação, idéias, ativistas, artefatos culturais e políticos" (p.38).
Para Gilroy, a história política e cultural negra no Ocidente requer uma maior atenção à complexa mistura entre ideais eurocêntricos e africanistas. O “mix” cultural deve ter sumária importância e se desprender da contínua tentativa de pureza étnica. A análise do autor traz a relação dos negros com a modernidade ocidental, com a forma com que ele se relacionou entre o seu ponto de partida e de chegada, seu lugar de pertencimento. Constituindo assim novos questionamentos e pontos de partida para uma construção histórica que não era privilegiada em décadas anteriores.
Para Gilroy, a reflexão dos negros durante tais períodos ainda é atual no campo das reinvidicações políticas, e está presente nas manifestações do movimento negro. Além disso, demonstra que o racismo