Resenha sobre o artigo a sociedade contra o estado
Pierre Clastres
Clastres promove um questionamento e crítica sobre a real necessidade de busca aos equivalentes de conceitos ocidentais de economia, escrita, Estado ou História em sociedades ditas
‘primitivas’ como forma de garantir ou não a classificação como sociedades ditas ‘civilizadas’1.
Realiza o autor outro questionamento, onde pergunta sobre a real inferioridade de potencial tecnológico em equipamentos, estruturas e tecnologias apresentadas e possuídas por sociedades ditas ‘primitivas’ quando comparadas com os mesmos recursos de sociedades ditas
‘civilizadas’.
O autor sugere a visão de utilização da economia de subsistência como feliz substituto ao trabalho excessivo e desnecessário, que almejaria a produção excedente para propiciar material para comércio com terceiros, e não como demonstrativo de miséria e incapacidade de produção ou coleta em níveis considerados ‘adequados’.
Clastres também apresenta a divergência observada entre o ‘trabalho’ necessário para sobrevivência e o ‘trabalho’ alienado. Ocorre, em sua concepção, que os índios realizam o trabalho em proporção suficiente para atender todas as suas necessidades, com folga, e não há bom senso, entre eles, que explique a necessidade de realização de trabalho adicional, visando o determinado ‘excedente de produção’. Tal situação e comportamento são, segundo o autor, muito mal-vistos, indesejados e não aceitos pelos brancos (europeus) quando chegaram nas terras da
América. Na extensão deste pensamento, o autor apresenta a transformação do conceito de estudo da economia, dentro da antropologia, para o conceito de economia na política, e finalmente política, ainda no campo da antropologia.
1 Tanto os conceitos de “sociedade primitiva”, como “sociedade civilizada” são altamente discutíveis, aceitando e defendendo ou não a teoria evolucionista. Não será o escopo desta resenha aprofundar sobre essa discussão ou discutir se são válidos ou