Resenha sobre o artigo “os princípios administrativos e as licitações públicas”
O artigo de Sandra Reis da Silva (2006) objetiva realizar uma discussão introdutória sobre os axiomas administrativos que regem o Estado-nação brasileiro e as suas relações recorrentemente conflituosas com as licitações públicas. Primeiramente, a estudiosa faz uma breve reconstituição histórica da constituição da nação brasileira em confluência com a concomitante formação de nossa personalidade sociocultural, marcada por formas de pensar e agir que se encarnam no personalismo, no patrimonialismo e no coronelismo. Essa correlação social, política, cultural e econômica teria balizado hábitos políticos predatórios que transformaram as devassidões e as mazelas políticas em uma mazela crônica cada vez mais piorada. A autora questiona-se - de uma maneira provocadora – se a classe política engendradora deste processo histórico ainda seria capaz de combater a criatura, ou seja, um Estado marcado pela confusão entre o público e o privado, pela violência das classes dominantes sobre as dominadas e pela corrupção disseminada. Silva acresce que ao contemplar esta triste realidade, ora respaldada por estudos socioculturais, ora por investigações político-sociais, ou ainda a partir da análise documental de fontes histórico-literárias, é possível ponderar sobre as origens de nossos problemas político-culturais as suas injunções sobre a forma de gestão da coisa pública. Nesse sentido, ela afirma que:
Ou seja: há uma interessante linha de defesa que – além de forte – não se ergue isolada, mostrando-se enfática quando sustenta seu entendimento de estar arraigada na nossa miscigenada cultura a base estrutural que teria resultado na atual realidade da forma “made in Brazil” de gerir da coisa pública. Essa corrente seria fundada na evolução das figuras emblemáticas e históricas do aventureiro desbravador e do destemido colonizador; dos agraciados senhores de terras –