Resenha sobre o artigo de nancy fraser: redistribuição, reconhecimento e participação: por uma concepção integrada da justiça.

Redistribuição, reconhecimento e participação: por uma concepção integrada da justiça.
Nancy Fraser

A ilustre autora, Nancy Fraser, nos presenteia com um estudo sociológico, didático e amadurecido acerca da exclusão social através de uma análise de fatores econômicos e culturais como meios de opressão, segregação e injustiças entre grupos sociais.
A obra em tela elenca como idéia central o fato de que uma das sérias mazelas sociais, a injustiça, decorre da associação do fator econômico - má distribuição de renda-, e do cultural – o não reconhecimento-. Assim, somente se obterá uma sociedade equânime, com a participação paritária de seus membros se houver políticas públicas que objetivam tanto a redistribuição quanto ao reconhecimento. É de muita valia essa tese, visto que ambas isoladamente podem mitigar o problema, mas jamais saná-lo com eficácia. São institutos complementares e, como tal requerem certo mutualismo em sua atuação.
Os indivíduos têm a necessidade e o direito de se sentirem inseridos na conjuntura social, participando ativamente de todas as interações em condições de paridade. E para tanto deve ser assegurado às pessoas a faculdade de autodeterminar-se sem retaliações, com dignidade e respeito às multiplicidades. A problemática reside no fato de que teoricamente essa liberdade existe, mas a experiência evidencia a mutilação dessa prerrogativa, seja pela falta de meios econômicos para a sua “existência” e afirmação como cidadão, seja pela imposição de padrões culturais, a coerção social. Faço aqui um link com o artigo de Boaventura - Para uma concepção intercultural dos Direitos Humanos-, em que se explora a questão da hegemonia de determinada cultura, e é o que se verifica realmente. Existe uma discrepância cultural e a conseqüente sobrelevação de uma delas, isto se expressa nas produções artísticas, costumes, vestimentas, traços físicos, gostos, em suma, em todos os âmbitos da vida do indivíduo. A mídia, por exemplo, vem sendo um dos