Resenha sobre a Dialética da Natureza, de Engels
É fundamental discorremos sobre o significado da própria afirmativa “o ser é ele mesmo e outra coisa”, proferida por Friedrich Engels, antes de darmos início à própria exemplificação. Esta afirmativa vem a ser a primeira grande hipótese do teórico e traz consigo a noção de que a dialética é imanente a toda forma de matéria, mostrando que a mesma funciona em termos processuais, o que prova que a própria noção da dialética é infinitamente mais do que uma simples invenção mental nossa. Para defender minha tese, procurei aprofundar-me mais na obra de Engels denominada “A Dialética da Natureza”. Tal obra afirma claramente que na natureza ocorre o surgimento de níveis de complexidade, sendo esses níveis surgidos um do outro ou um dando origem a outro (como no caso da química, que deu origem ao ramo da bioquímica). Porém, fica claro que cada um desses níveis tem sua autonomia assegurada pelas próprias leis que caracterizam determinados aspectos. Um exemplo que ilustra bem tal afirmativa é que as leis da história natural não são as mesmas da sociedade e as leis do pensamento não são as do cérebro, ainda que possam possuir, ocasionalmente, pontos em comum. Engels cita em sua obra a autonomia dos níveis de complexidade através do exemplo dos níveis de diferenciação e complexidade que formam uma molécula, dizendo que “é sobre essa diferenciação que repousa a separação da mecânica, como ciência das massas estelares e terrestres, da física, como mecânica da molécula, e da química, como física dos átomos” (página 36). O exemplo que irei fornecer também diz respeito a uma molécula: a adrenalina. A adrenalina, na esfera da química orgânica é uma coisa quimicamente determinada. Dentro do nosso organismo, por exemplo, essa mesma molécula sofre outras tendências cujas características são consideradas próprias do reino biológico e não mais do reino da química. Ainda que a continuidade seja óbvia (uma vez que a adrenalina continua