Resenha sobre Cidadania - Francisco Ortega
No entanto, Hanna Arendt propõe uma alternativa a esse caminho fadado ao fracasso que parece ter o fazer político: a política da amizade. Amizade como “objeto de reflexão filosófica e política, um exercício político [...] um apelo a experimentar formas de sociabilidade e comunidade”. Esse desvio só se mostra recomendável porque a sociedade contemporânea está em um processo de despolitização, o que Arendt chama de um esvaziamento do espaço público. Estamos muito acomodados; o medo e a falta de imaginação impedem a ação política.
Vale definir aqui o conceito de agir tomado por Hanna Arendt: “é começar, experimentar, criar algo novo e imprevisto”. E esse agir, segundo ela, é como um novo nascimento, que só é realizável se sairmos da segurança, representada pela família e o parentesco, e confrontarmos o novo. Para além disso ela desenvolve a idéia da pluralidade humana como condição para esse agir político. O que acontece é que somente nesse agir político e com o discurso, diante de outros homens no espaço público, é que um indivíduo constrói a sua identidade,