Resenha Serviços de Saúde e Violência na Gravidez
O artigo apresenta resultados parciais de uma pesquisa-ação que objetivou levar informações aos profissionais de saúde para a abordagem da violência obstétrica na gravidez, capacitando o profissional a identificar e acolher a mulher que sofre tal tipo de violência. O artigo destaca a violência entre parceiros íntimos (VPI), e os fatores que influenciam a ocorrência de tal ato.
Destaca-se a adoção de políticas neoliberais como causa para o surgimento de uma “sociedade de risco”. Tais políticas prezam a mínima participação do Estado na economia, que acaba gerando maior pobreza, diminuição dos rendimentos e estabilidade no trabalho, e isso acaba por restringir os bens de cidadania (os quais, de certa forma, ofereciam alguma segurança social para a população). Tais mudanças levam a fenômenos sociais ligados ao trabalho, e isso reflete na vida em família. Os conflitos homem-mulher são reformulados, e as novas configurações sociais causam uma “transição de gênero”.
Surge então a “nova mulher”, que ganha autonomia quando passa a trabalhar fora de casa e decide o que acontece com seu corpo. Ela ganha poderes que antes se restringiam aos homens. Por outro lado, as desigualdades de gênero se espalham para mais uma esfera do convívio social, passando do espaço privado (o lar) para o público (o local de trabalho). Trata-se de uma herança da lógica patriarcalista, que estabelece o poder de uma autoridade masculina sobre seus subordinados.
Além dos conflitos na esfera pública, a mulher pode ter de enfrentar problemas em casa, com a não-aceitação da família ou do marido em relação aos novos poderes adquiridos por essa mulher. Configura-se então uma “crise de masculinidade”, que