RESENHA: SANTOS, Milton. A Transição em Marcha. In: Por uma outra globalização. Do pensamento único à consciência universal.
Editora Record, 2000. pg. 141-174.
O texto de Milton Santos, famoso geógrafo brasileiro, trata das características e possibilidades que a globalização atual acarreta ao se disseminar por territórios.
Ao se pensar em globalização, temos à mente que este fenômeno seja algo mútuo entre os países e de que as nações estão em contato trocando experiências horizontalmente. Milton Santos desconstrói essa ideia e argumenta que a globalização organizada que conhecemos é algo verticalizado, e que somente os rejeitos informacionais e respingos da democratização das ideias são alcançáveis para países fora de um protagonismo econômico, ou até mesmo para as classes mais baixas dos mesmos países ricos.
Exemplo disso é a dualidade existente entre cultura popular e cultura de massas, onde a primeira ocorre de modo orgânico, com baixa tecnicidade e construída de forma horizontal; e a segunda que acontece devido às promoções do mercado, ensejada verticalmente para assim padronizar os modos de se consumir de um grupo, que na maioria das vezes não compartilham de muitas características culturais similares.
São nessas possibilidades de contra-movimento da globalização vertical e amplamente padronizadora que Milton Santos vislumbra o ressurgimento da importância do homem como meta de desenvolvimento social. O autor argumenta que hoje os interesses das grandes corporações transnacionais, auxiliadas pelo governo das nações, acabam por mitigar o bem estar de boa parte das sociedades que aderem à globalização, impetrando a “racionalidade hegemônica” das técnicas que demandam um
“uso obediente” e que os países marginalizados e alienados, bem como as populações excluídas dos benefícios de mercado que a globalização proporciona, mas não menos prejudicados pelas mesmas, não tardarão a querer que haja uma