Resenha Sagarana Antônio Cândido
O texto “Sagarana” de Antônio Cândido funciona como uma espécie de exaltação à Guimarães Rosa e seu livro, de mesmo nome do trabalho de Cândido. Se referindo ao autor por “Sr.” e “Dr.”, seja por respeito ou admiração – ou ambos-, Antônio tenta fazer um panorama superficial do que é essa obra de Guimarães, abordando o que acredita ele serem as principais características de Sagarana, como o fato dele transcender o que se entende por um “livro regional”, e citando contos que lhe chamaram atenção, em especial “A hora e a vez de Augusto Matraga”.
Para Antônio Cândido, Guimarães não é só um grande escritor como também um excelente contista-contador e, acima de tudo, inovador até em temas não tão novos assim. O literato mineiro conseguiu ressuscitar e ao mesmo tempo transformar o que se entendia por regionalismo.
Apesar de muitos autores já terem trabalhado exaustiva e repetidamente a temática regional, tais como Afonso Arinos, Valdomiro Silveira, Monteiro Lobato, Amadeu de Queirós e Hugo de Carvalho Ramos, Guimarães conseguiu ir além. Separando o sujeito do objeto, como expõe Cândido, ele conseguiu construir um regionalismo diferente: autêntico e duradouro, assim como ele próprio é considerado.
Na mesma linha de autenticidade e durabilidade, e até de adoração pelo autor e pela obra, Cândido defende enfaticamente que Sagarana teve êxito ao trazer o problema do regionalismo e nacionalismo literários, no entanto, o livro nasceu como universal, e, para ele, ideal da expressão dessa vertente. Acredito que por ser uma obra composta por diversos contos, a possibilidade de abordar o tema de maneiras distintas é muito maior do que em um romance regionalista, por exemplo. Mas o que importa na visão de Cândido, e de qualquer apaixonado, ou não, por Guimarães Rosa é o modo como a história é contada, afinal, ela já poderia ter sido relatada anteriormente.
Porém, em Guimarães essa repetição de assunto passa quase despercebida, tamanha naturalidade e