Resenha Quanto Vale ou é por quilo
490 palavras
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O filme explicita alguns elementos como a contradição e a hipocrisia, intercalando momentos entre o período da escravidão e a sociedade brasileira atual, mostrando a chocante semelhança entre ambos, numa clara crise ética, cujos valores tornam-se mercadorias que podem ser postas à venda, retratando o comércio que tinha por base a escravidão e a exploração que acontece em nossos dias, por trás de todo o marketing envolvendo a questão da responsabilidade social, tema tão em voga atualmente. O filme (que agride e agrada, quase que na mesma proporção) nos traz uma reflexão acerca das questões éticas e vemos o quanto estas podem ser relativizadas, uma vez que os personagens representam classes sociais distintas, que podem ser definidas como dominantes e dominados e, por esse motivo, há a relativização do que é certo ou errado. Assim, a questão do que é “fazer o bem” tem significado diferente, por exemplo, para as pessoas que ajudam algumas ONGs e para a criminalidade, que busca uma justiça social própria ao seqüestrar um empresário, situações retratadas em algumas cenas do filme. O diretor trata da moral sob uma ótica bastante ácida, buscando evidenciar o quanto esta pode ser flexível e adaptável em relação aos interesses dos envolvidos, mostrado através da relação entre a pobreza e a questão da responsabilidade social, com a primeira sendo transformada numa mera mercadoria, com a filantropia sendo uma arma domesticadora para os pobres, seguindo a lógica contida na fala de uma das personagens: “Mais vale pobres na mão do que roubando”. Podemos perceber o quanto alguns personagens, ao apoiarem ONGs ou ações assistencialistas, buscam uma espécie de “limpeza moral” e “dieta da consciência”, ao proporcionar pequenos momentos de alegria para os moradores de rua ou pobres da periferia, trazendo toda uma aura de moralidade por trás de interesses pessoais que apenas visam algum retorno, financeiro ou apenas reconhecimento perante a sociedade. Interessante notar que o filme