Resenha: Psicologia e sua ideologia 40 anos de compromisso com as elites
Compromisso social da Psicologia é um tema bastante importante e tem estado em evidência nos congressos e nas reflexões críticas no campo da Psicologia.
A I Mostra Nacional de Práticas em Psicologia, de iniciativa do Conselho Federal de Psicologia, em São Paulo, no ano de 2000, marcou um novo compromisso com os psicólogos e da Psicologia com a sociedade brasileira, mas não inaugurou o compromisso da Psicologia com a sociedade brasileira. Ou seja, a Psicologia sempre esteve vinculada à sociedade brasileira e sempre respondeu a demanda social, portanto, manteve em toda sua existência um determinado compromisso com a sociedade.
Mas qual seria esse compromisso? A autora relata “não se pode permitir que o entusiasmo com o compromisso social que a Psicologia está construindo com a sociedade brasileira oculte a história de um compromisso com os interesses das elites no Brasil.”
Uma história de compromisso com as elites
A autora fala que a tradição da Psicologia, no Brasil, tem sido marcada pelo compromisso com os interesses das elites e tem se constituído como uma ciência e uma profissão para o controle, a categorização e a diferenciação. Poucas têm sido as contribuições da Psicologia para transformação das condições de vida, que são tão desiguais em nosso país.
A colonização do Brasil, por Portugal, foi caracterizada fundamentalmente pela exploração. Nesse período, as ideias psicológicas produzidas, por representantes da Igreja ou intelectuais do sistema português, tiveram a marca do controle.
No século XIX, o Brasil deixa de ser colônia e transforma-se em Império. As ideias psicológicas vão ser produzidas principalmente no âmbito da medicina e da educação e responderam a outros interesses: à higienização da sociedade.
No final do século XIX trouxe a República, e o século XX, a riqueza cafeeira e o desenvolvimento do polo econômico no Sudeste. A Psicologia adquiria o estatuto de ciência autônoma na Europa