Resenha Palavras Por Dizer

PALAVRAS POR DIZER

Marie Cardinal

Marie Cardinal inicia suas memórias, retornando às imagens de sua infância e adolescência na Argélia. Marie chega ao consultório de um médico analista por motivo de um sangramento que não cessava, pois este já havia mais de três anos, sua mãe já havia percorrido por vários médicos e ginecologistas e os médicos davam o diagnóstico de que Marie tinha um útero “fibromatoso” no qual os médicos indicavam que seu útero deveria ser extirpado. Denominava como “A coisa” sua angustia: “Alguns remédios controlavam a coisa, colocando a num canto onde ela não mais se mexia” (...) Depois o efeito do remédio foi diminuindo. (...). e, uma bela manhã acordei prisioneira da coisa. Consultei uma quantidade de médicos. “O sangue começou a correr sem parar”. Marie foi encaminhada para um psicanalista. Em sua primeira sessão, depois de relatar seu percurso da hemorragia. O “doutorzinho” como Marie tratava tenta tirar o foco da doença dizendo: - “A senhora deve parar desde agora de tomar qualquer medicamento”. - Amanhã começaremos o tratamento. E ela diz ao doutor: - “Mas se eu tiver uma hemorragia doutor?”. Ele responde a ela: - fique calma, -“espero a senhora amanhã”. Ela questiona o doutor:- “Mas o que é que eu tenho”? O doutor responde com gesto calmo e vago. - “para que serve os diagnósticos?” No dia seguinte ela volta ao psicanalista para fazer a primeira sessão com o “doutorzinho” termo pelo qual ela usa desde criança quando se dirige ao médico. Ela aparentava nervosismo, apreensão e logo se dirige ao doutor lhe questionando. – Doutor, estou em “exangue” termo pelo qual ela achava uma palavra bela. Neste momento o médico lhe responde tenha calma isto vai passar são perturbações mentais que chamamos de psicossomáticas. Foi a partir da primeira sessão que Marie teve início de cura, cura pela palavra e não mais pelo fenômeno psicomático, no qual ela usava como um disfarce para algo muito