Resenha "os que bebem como cães" assis brasil
No período da Ditadura Militar, decorrente do Golpe de 64, foram instaladas algumas regras, dentre as quais a proibição de reuniões com mais de três pessoas e o discurso político nas universidades, além de censura à imprensa e substituição da Constituição pelos Atos Institucionais. Nesse contexto, Assis Brasil publicou a maioria de suas obras dentre elas, Os que bebem como cães, onde o enfoque principal é o personagem, professor de literatura que foi preso por contradizer o sistema vigente.
A narrativa começa com o protagonista sendo jogado no cárcere, Totalmente dopado, vivendo em um cubículo onde a escuridão é ampla e envolvente, completo silêncio, cortada apenas por um barulho que parte de seus ouvidos, com os braços algemados para trás (como um animal para comer, fazendo suas necessidades fisiológicas na roupa), ele ignora tudo relacionado à sua pessoa.
Os capítulos da obra são A cela, O pátio e O grito, se repetindo sucessivamente interligados, dando uma ideia de circularidade. Mas a narrativa não regride quando se inicia um novo capítulo, ou seja, A cela, após os acontecimentos do capítulo O grito, a personagem retorna apenas à cela, mas vive outras experiências.
Na cela, Jeremias vive em um clima de desorientação temporal, não podendo distinguir noite do dia, com as drogas que ingeria nas refeições, dificultava-lhe a organização de seus pensamentos. Em um processo introspectivo, começa aos poucos a redescobrir algumas palavras como, ESPERANÇA:
“(...) o grito dos homens tristes, os berros, não de desespero, mas de esperança. Sim ESPERANÇA.
E pela segunda vez, após o pensamento primitivo de que os homens podiam tudo contra os homens, uma reflexão rasgou seu cérebro, tinha um nome: ESPERANÇA. ”
Alguns valores como, DEUS:
"Oh Deus - repetia. (...) O meu amor por Ti é novo, pois não Te conhecera antes (...). Minha mãe, os entes que amei, ficaram na escuridão do mundo, perdidos, e eu Te achei na claridade desta cela."