Resenha Os intelectuais e o poder
A partir da analogia, postulada pelo pensamento de Michel Foucault, entre o exercício do poder e a manifestação da verdade, o corrente artigo pretende apresentar as exigências políticas de sua filosofia, relacionando-as com a figura de um tipo intelectual que tem por função não mais a defesa da universalidade, mas sim sua transgressão política e teórica.
Os próprios intelectuais fazem parte do sistema de poder, daí se tornam “consciências representativas” pelo próprio sistema. Foucault destaca que o intelectual é ao mesmo tempo “objeto e instrumento” do sistema de poder, ou seja, o papel do intelectual não é mais o de se colocar "um pouco na frente ou um pouco de lado" para dizer a verdade de todos, é antes o de lutar contra as formas de poder exatamente onde ele é, ao mesmo tempo, o objeto e o instrumento na ordem do saber, da "verdade", da "consciência", do discurso. Desse modo, Foucault acredita que a teoria não expressará, não traduzirá uma prática. Ela é uma prática.
Deleuze, nesse pronto, concorda com Foucault, acrescenta que a “teoria é como uma caixa de ferramentas”, sempre válida conforme o momento e a necessidade. A teoria não totaliza, mas multiplica-se diante do que esta por vir. E qualquer tipo de representação isolada ou reforma, isto é, o “falar pelos outros” não permitindo que falem, é inadequado.
Logo, Foucault faz alusão à condição dos prisioneiros, concluindo que o falar, a manifestação destes expressa mais do que uma delinqüência, e sim, uma “teoria da prisão”, “penalidade” e “justiça”, permitindo o interesse do não-prisioneiro em querer ouvir tais manifestações, o que certamente causa surpresa. Ele alega que nas prisões o sistema de poder se torna evidente, pois “não se mascara cinicamente, se mostra como tirania levada aos mais íntimos detalhes, é puro...” chegando a tornar-se infantil.
Deleuze responde alegando que não são “apenas os prisioneiros que são tratados como crianças,