Resenha narrativas de ficção
Narrativas de ficção como fábulas sobre o tempo: os romances em Temps et Récit
Foi após a leitura desse capítulo que se tornou clara a ideia principal de “Temps et Récit”. O tempo e a narrativa … com ela pude perceber a existência de contrastes semânticos entre as variadas “espécies” de Tempo ( cósmico, cronológico, histórico, medido, monumental, interior, entre o próprio tempo e a eternidade ou o “fora do tempo”).
Nesse capítulo, Salles apresenta a análise que Ricoeur fez quanto ao que os romances ensinam sobre o tempo. Posso dizer que ele fez uma releitura sobre a leitura de Ricoeur. Essa leitura, contida na obra Temps et Récit, é muito complexa. Ao fazê-la, ele utilizou de algumas obras de romance: Mrs. Dalloway de Virginia Woolf, A Montanha Mágica de Thomas Mann e Em busca do tempo perdido de Marcel Proust. Para alcançar o objetivo, diz Salles, Ricoeur teve que utilizar algumas estratégias:
(...) procura assegurar que cada um dos romances pode ser considerado realmente um “fábula sobre o tempo”, discutindo outras possíveis leituras e descartando-as ou articulando-as com o seu foco no tempo. (p.127)
(...) examina os procedimentos narrativos adotados pelos autores em cada obra, considerando como eles contribuem para a formulação do problema do tempo e sua solução (p.128)
(...)não se atém à leitura desses elementos com a perspectiva de apenas elucidar a estrutura da narrativa; o que lhe interessa é o mundo projetado por esta, o “mundo do texto”, como ele esclarece logo de início, antes de entrar na leitura das obras. (p.129)
Em todo o tempo a narrativa de ficção é louvada no texto. Pois para Ricoeur ela possui o poder de produzir experiências com o tempo, não possíveis de outra forma. É um conhecimento específico que somente por elas podem fazer existir. Conforme esse grande estudioso, elas cumprem duas funções importantes: quebram com o reducionismo, revelando a complexidade do tempo e articulam as diferentes experiências ou