resenha modos de ver john berger
Quando ingenuamente tiro uma fotografia capto algo que me chama atenção, uma imagem que, por algum motivo, acredito que deva ser recordada. Assim como o que foi retratado, o interesse do fotógrafo ao focar determinada cena também constitui algo digno de ser avaliado, pois é revelador de interesses individuais definidores mesmo de uma cultura ou uma época. Frases como “Uma imagem tornou-se o registro de como X tinha visto Y. Isso era o resultado de uma crescente consciência da individualidade acompanhando uma percepção crescente da História.” (p.12) e “Vemos hoje a arte do passado como ninguém a viu antes. Na verdade a percebemos de maneira diferente.” (p.18) revelam a base para pensarmos os estudos de Berger: a questão da perspectiva. A invenção da câmera fotográfica, além de transformar o futuro, mudou o modo de vermos as imagens do passado. “Por vezes a pintura era transportável. Mas nunca podia ser vista em dois lugares ao mesmo tempo. Quando a câmera reproduz uma pintura, ela destrói a unicidade de sua imagem. Resulta daí que seu significado muda.” (p.21) Não podemos deixar de associar essa reflexão com a perda da aura diagnosticada por Walter Benjamin em A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica. Ambos comentam a ressignificação da arte provocada pela propagação da cópia; ou seja, não há mais um único significado, mas uma multiplicação deles. E, assim como Benjamin, Berger