Resenha Memórias do Cárcere
Nelson retratou os militares, as mulheres, os malandros, os intelectuais e demais presos que viveram o cárcere junto com Graciliano Ramos. Vendo o filme é possível correlacionar a realidade dos anos 30 da ditadura de Vargas com a futura ditadura militar do pós-64. Mesmo anos após a dominação sofrida pela sociedade, o mesmo se repetiu na ditadura militar. Talvez mais duramente, porém pelos mesmos ideais autoritários e conservacionistas .
Lugares mórbidos, sem higiene alguma, amontoados e tratados como primatas, essa era a realidade das intuições penais varguistas e de seus presidiários. Por meio da violência e repressão, a polícia detinha a liberdade de usar de mecanismos desumanos e acima da lei para oprimir e encarcerar diferentes tipos de ditos “inimigos” e “ameaças sociais”. No clássico de Nelson dos Santos, ilustra-se que qualquer um poderia da noite para o dia ser preso e torturado, sem motivo algum, apenas por ser considerado um comunista ou revolucionário. Enganava-se quem pensava que na prisão estaria salvo: era dentro delas que se encontravam policiais infiltrados com o intuito de denunciar qualquer atitude contra o padrão pregado pelos governantes. Situação que se repetiu no AI-5. Ainda, Nelson preocupou-se em retratar fielmente como era o dia-a-dia nas colônias prisionais. Submetidos diariamente a diferentes tipos de torturas psicológicas e físicas, os encarcerados viviam na imundície e tratados como vermes sociais. As imagens da alimentação nojenta e intragável traz um sentimento de repugnância e náusea. Porém rapidamente se esquece da realidade atual que se assemelha minimamente com