MORTE E VIDA DO URBANISMO MODERNO Resenha do livro MORTE E VIDA DE GRANDES CIDADES Jane Jacobs São Paulo, Martins Fontes, 2000. Trad. Carlos S. Mendes Rosa Autora: Erminia Maricato1 Jan. 2001 Muitas mudanças ocorreram na cena política econômica e cultural mundial desde o primeiro lançamento do livro de Jane Jacobs em 1961, nos Estados Unidos. Dentre os acontecimentos emergentes no período, que mais poderiam comprometer a atualidade do livro, poderíamos citar: 1) o movimento ambientalista, que criou uma nova consciência social e numa nova institucionalidade e 2) a reestruturação produtiva internacional, conhecida por globalização, que, impulsionada pelas novas tecnologias, concentradas em determinadas mãos, trouxe mudanças nas relações de poder sobre o território. Esses acontecimentos, entre tantos outros, não eliminaram, entretanto, a atualidade de certas teses defendidas por Jane Jacobs com muita veemência. O planejamento e o desenho urbanos, classificados por Jane como ortodoxos, são objeto de uma crítica radical. Segundo a autora, eles são responsáveis pela “Grande Praga da Monotonia” que assola espaços monumentais, padronizados, vazios, sem vida ou sem usuários, enfim verdadeiras “cidadelas da iniquidade”. Trata-se da “anti-cidade” ou da “urbanização inurbana”, fruto de uma pseudo ciência que é incapaz de olhar para a cidade real e aprender as muitas lições que ela pode transmitir a cada instante. Desprezam a vitalidade urbana e a interação entre os usos para se fixar em fronteiras formais. Buscam autonomia de bairros “acolhedores” e “voltados para si mesmos”, à moda das pequenas cidades ao invés de valorizar a diversidade e a potencialidade propiciada pela grande metrópole. Qual é o alvo dessa crítica corajosa? O que Jane Jacobs chama de “planejamento e desenho arquitetônico ortodoxos modernos” está representado, no livro, por três urbanistas que se tornaram paradigmas da história do urbanismo moderno: Ebenezer Howard autor da proposta da Cidade Jardim,