RESENHA MARGINAIS
LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA III
MARGINALIZADO: O DIREITO SUBALTERNO AO GRITO
RESENHA SOBRE O ROMANCE MARGINAIS DE EVEL ROCHA
ANA CAROLINA PAIS DE SOUZA
Nº USP: 5718757 |QUARTAS 21H00
PROFESSORA SIMONE CAPUTO
SÃO PAULO
2013
Romance das “profundas divisões sociais e preconceitos exacerbados”, como definiu o próprio autor em entrevistas, retrata a realidade dos bairros Salense de Cabo verde, bairros da Ilha do Sal, através da perspectiva de um jovem que vive às margens da sociedade, um marginal.
Trata-se de um “romance de intervenção”, uma vez que é possível tirar lições das realidades retratas, e de um meta Romance, cuja sua característica é a da narrativa se construir dentro de outra narrativa. Evel Rocha Inicia o romance através de um narrador, em primeira pessoa, que, após um reencontro casual com Sergio, um colega de Liceu, recebe de suas mãos seu diário, onde, também em primeira pessoa, narra sua sorte.
“As páginas deste livro são relatos da sua vida, reflexões feitas no leito da enfermidade, nos momentos mais difíceis em que perdera toda a esperança de sobreviver à doença que o atormentava.” (ROCHA, Evel. 2010, Marginais p.11).
Durante a narrativa de Sérgio Pitboy nos é apresentada pessoas que passam por sua vida, pessoas estas que terão papel fundamental no desenrolar da trama, contribuindo e influenciando para as transformações e desfecho, ou serão ainda, simples coadjuvantes num cenário fadado à degradação humana. Degradação esta que não se isola à um grupo pequeno ou isolado desta sociedade ou realidade local, como o próprio autor nos conduz: ““Este é um livro que muitos jovens deste país gostariam de ter escrito” (ROCHA, Evel. 2010, Marginais p.13), mas que, por não terem voz, e mesmo se tivessem escrito, talvez nunca seriam ouvidos. O fato de um homem, com profissão, pertencente a uma classe social, ser a voz que introduz uma voz desprovida de valor social, dá