Resenha; maquetes de papel
A aula de Paulo Mendes da Rocha começa, justamente, com uma reflexão sobre a concepção da arquitetura:
“A questão fundamental que navega entre nós arquitetos é imaginar as coisas que ainda não existem. Como esta casa, por exemplo, aqui em Curitiba, que antes saiu inteira na mente de um de nós, o arquiteto Vilanova Artigas”. (p. 19)
Haveria aqui apenas uma força de expressão ou uma afirmação conceitual? Será que o projeto de arquitetura chega a existir inteiro em nossa mente? E essa suposta existência precederia sua expressão material em desenhos e modelos? Ou não?
Mais à frente, Paulo sonda novamente esse terreno movediço referindo-se à modelagem:
“É a maquete como croquis... A maquete que você faz como um ensaio daquilo que está imaginando...Como o poeta quando rabisca, quando toma nota...A maquete aqui é um instrumento que faz parte do processo de trabalho; são pequenos modelos simples.” (p. 22)
Com essa afirmação, o arquiteto se alinha com a tradição de modelagem inaugurada por Brunelleschi, registrada por Alberti no seu De Re Aedificatoria (2), e revista no curso básico da Bauhaus.
Se a maquete é ensaio do que se está imaginando então, pode-se supor, que há um diálogo entre modelos e idéia que conduz – aproveitando a analogia com o poeta – ao poema completo, ou projeto acabado. Paulo deixa claro que está se referindo a um processo de trabalho, que avança gradativamente, valendo-se de representações materiais: os croquis e modelos do arquiteto, como as anotações do poeta.
“A graça disso...é que existe, nessa extensão do raciocínio,