Resenha Livro 1
Publicada em 1896, o romance de H.G. Wells (1866-1946) "A Ilha do Dr. Moreau", narra a história de um jovem náufrago chamado Edward Prendick, que perdido, se vê lançado numa ilha habitada por criaturas monstruosas. Resgatado por Moreau e seu capanga Montgomery, Prendick aos poucos irá descobrindo as experiências de Moreau com animais, que por meios científicos tenta os elevá-los a forma humana, mas no entanto, sem jamais produzir nada além do trágico.
É em outras palavras, mais um cientista brincando de Deus, e uma história que nos remete a uma realidade mais próxima que imaginamos. Porém o romance de Wells não é só uma simples história de ficção científica, aqui há uma questão que dá ao livro uma vida que transcende seus méritos literários: sua história aberta a interpretações, e suas fortes críticas. Não só a ciência, não só ao Homem, não só a religião; mas a Deus.
Dr. Moreau, um cientista como um cirurgião plástico, cria espécies através de operações sem anestesia, como transplantar cascos e garras para criar uma mão mais funcional, além de de orgãos e tecidos criando aberrações como numa brincadeira de ser Deus, tudo para "aperfeiçoar a evolução".
Entretanto através da história, Wells deixa claro de que Moreau em nenhum momento está a fazer tudo aquilo para um benefício a humanidade realmente, como técnicas cirúrgicas que um dia poderão ajudar a medicina ser mais eficiente para salvar vidas. Não, Moreau faz tudo aquilo para seu deleite estético e puro egoísmo de ser um cientista que chegou a perfeição, aquele em que pôde "manipular" a evolução. Todos são "obras de arte" de Moreau. E isso é o que choca mais a Prendick, a crueldade contida não pelo ódio, mas pelo simples prazer de o cientista ter a obsessão de criar e aperfeiçoar a criação.
Como Moreau diz: "Cada vez que mergulho uma criatura viva nesse banho ardente de dor, penso: desta vez, queimarei todo o animal até extingui-lo, desta vez produzirei