Resenha ilha das flores

O curta metragem “Ilha das Flores” inicia-se se lançando de uma ideia crua, e diretamente: “Deus não existe”. Tal proposição contribui para se exprimir o caráter polêmico do curta; e, além disso, para incitar nos expectadores que criticamente o interpretarem o abandono salutar da zona de conforto e dos grilhões do comodismo e alienação tipicamente capitalista, que cegamente reduz a ética das sociedades a uma ética mercantilista, pautada pela a troca a qualquer custo, incluindo a pauperização de milhares de seres humanos, que, no documentário, saciam sua fome com restos alimentícios rejeitados pelos porcos. Ora, um porco é passível de troca, de lucro, no mercado. Desse modo, seguindo a lógica mercantil-capitalista, ele possui mais valor do que um ser humano, do que crianças e mulheres famintas, como expresso no filme, ficando, assim, com o melhor alimento, com o melhor tratamento. Assustadoramente, no curta Ilha das Flores o enredo cronologicamente acompanha o caminho um tomate na cadeia de relações mercantis, desde o momento em que é cultivado até o que é rejeitado por seres humanos, por porcos, e, barbaramente utilizado como alimento por indivíduos à margem do sistema capitalista. Tal fato põe às claras um ciclo de exclusão e desigualdade social que atingem os níveis mais alarmantes, evidenciando a ganância e a perda da noção de alteridade que o sistema incita nos indivíduos.
Ao longo do curta uma enxurrada de informações tecnicistas, muitas vezes desnecessárias e sem fundamentação é lançada ao expectador. Pode-se considerar tal fato como sendo uma alusão à superestrutura do sistema capitalista, que, por meio de um excesso de informações, vazias de conteúdo crítico e fragmentadas, incitam uma perda de foco, o que impede a formação de senso crítico pautado na visão de um todo, alienando.
Pode-se levantar a questão da inteligência humana. O filme aponta que o ser humano se distingue dos outros seres devido ao seu telencéfalo altamente desenvolvido e capacidade de