Resenha Herman HERTZBERGER, Lições de arquitetura
HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura, tradução Carlos Eduardo Lima Machado. São Paulo: Martins Fontes, 3 Ed, 2002.
Atualmente vivemos com espaços que contrariam a noção dita por Hertzberger: “Para que as pessoas se sintam parte do espaço, para que elas interajam com ele é necessário controlar a escala do lugar. O lugar não pode ser grande demais, por que senão as pessoas ficam isoladas e não interagem umas com as outras, e nem pode ser muito pequeno para que elas não se sintam intimidadas ou tenham sua privacidade invadida”. Temos ruas grandes demais com muitos carros, que sufocam a relação entre as pessoas, e a relação destas com a rua. E por outro lado, temos os apartamentos, cada vez menores, e condomínios que prendem e resguardam tanto a privacidade, que as pessoas não se sentem a vontade de ter uma relação com o vizinho ao lado. A presença de espaços residenciais e comerciais exclusivos, com o fechamento de ruas e praças, ganha cada vez mais adeptos nas grandes cidades. São desde pequenas cidades, com os grandes condomínios cercados com guardas particulares e sistemas de segurança, até fechamento de ruas comerciais. Com isso a cidade vem perdendo suas características fundamentais de “cidade”, espaços de convivência e de exercício da cidadania. Passa a ser apenas lugar da circulação, de passagem, do ir e vir. Até a população de menor renda começa a buscar proteção em conjuntos habitacionais murados, reproduzindo, soluções adotadas nos bairros mais valorizados. Possuem menos infra-estrutura e serviços, mas buscam a segurança. A segregação surge como conseqüência quase inevitável do processo de privatização dos espaços públicos e do confinamento sócio-espacial.
Em alguns casos, o fechamento de ruas é segregação. Em outros, é solução. Deve-se pensar não apenas na segurança, mas na degradação do espaço público, que é fruto do desinteresse. Como por exemplo, em muitas cidades os espaços verdes e praças são substituídos pelos veículos. O