RESENHA GILBERTO FREYRE
RUPTURAS E CONTINUIDADES: Euclides Da Cunha E Gilberto Freyre
MACAPÁ-AP
JANEIRO/2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
RUPTURAS E CONTINUIDADES: Euclides Da Cunha E Gilberto Freyre
MACAPÁ-AP
JANEIRO/2014
Este resumo procura elaborar uma relação entre dois intelectuais atuantes em um período fundante da historia brasileira durante as primeiras décadas do século XX: Euclides da Cunha e Gilberto Freyre. O eixo norteador do texto é o papel de Freyre como leitor de Euclides da Cunha, analisando a forma como a obra deste foi recebida por aquele. Defende-se a hipótese que a feitura do primeiro livro do autor pernambucano, Casa-grande & senzala (1933), foi fortemente marcada pelas características do livro maior de Euclides, Os sertões (1902). Gilberto Freyre foi um leitor atento de Euclides da Cunha, consciente do lugar ocupado por ele no ambiente letrado brasileiro. Os sertões foi construído a partir de uma noção coerente de distância, tanto do ponto de vista espacial (litoral/sertão) quanto temporal (o sertanejo vivia trezentos anos de atraso em relação a população litorânea). Casa-grande & senzala foi inscrito segundo uma perspectiva de proximidade no espaço e no tempo: Freyre projetava o contexto da casa grande como modelo para o restante do território brasileiro, ao mesmo tempo em que escrevia com uma concepção homogênea de temporalidade, em que, mais do que rupturas, prevaleciam às continuidades. A relação entre esses intelectuais aparece como uma evidência que eles fazem parte de tal tradição ensaística no Brasil. O que não é de forma alguma evidente são os pormenores de tais relações, isto é, como eles circulavam entre eles mesmos, como eram lidos e compreendidos, como eram, enfim, criticados entre si. Interessa aqui, entretanto, a forma particular pela qual Freyre estabeleceu uma relação com Euclides da Cunha e Os sertões. Em