Resenha - geertz - a interpretação das culturas
A idéia iluminista defendia que o homem, mesmo inserido em diversos contextos, costumes, crenças e lugares, poderia ser definido por suas características gerais, presentes em todos os indivíduos da sua espécie. Esta generalização, que buscava a simplicidade de análise e definição, falhou em vários aspectos que, por serem muito superficiais, perderam o sentido da própria definição ou tornaram por demais complexa a distinção entre características gerais e características localizadas. Assim, diferente da idéia iluminista do homem – regulada, invariante e simples, o avanço da concepção científica da cultura propiciou uma nova idéia de homem, muito mais complexa do que se imaginava, e que até então os estudos não conseguiram organizar. É a partir do reconhecimento do homem com suas características gerais e do homem como fruto de lugares e épocas distintas é que a antropologia busca definí-lo. De fato, apesar de a espécie humana possuir distintivas universais, é improvável que se possa definir um indivíduo como um ser desprovido das características impostas por sua cultura, necessárias até mesmo para situá-lo como membro de uma determinada sociedade. Todavia, também não se pode perder a essência do homem em suas características irrelevantes, o que fatalmente levaria sua definição a diversas caracterizações meramente pessoais e localizadas. Conforme Clifford Geertz, todas ou virtualmente todas as correntes teóricas que tentaram localizar o homem no conjunto de seus costumes adotaram uma tática de relacionar os fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais entre si,