Resenha Filme
O filme, de forma bem sutil, trata sobre a morte. Mostra a importância desta passagem e sua singularidade, principalmente na cultura japonesa, desenvolvendo a emoção e provocando o questionamento sobre as questões existenciais, bem como mostra a beleza das mais diversas formas de relacionamento humano. Trata também sobre os preconceitos que se alimentam durante a vida, motivos de desentendimentos e brigas familiares, quando no final, mostram-se totalmente irrisórios e descabidos. O protagonista, Daigo Kobayashi, viu-se impossibilitado de poder trabalhar fazendo o que gostava, qual seja, tocando Violoncelo. Assim, abriu mão do seu sonho e aceitou o emprego de “preparador de defuntos” que se revela como uma mediação às novas percepções existenciais, por não ser um emprego muito comum, visto que o ritual aproxima a pessoa que o está executando com o defunto, inclusive de forma íntima. Desta forma, costumeiramente, quem exerce esta profissão sofre preconceitos, como o personagem principal, que viu seus amigos e esposa afastarem-se por não concordarem com esta forma de se sustentar, causando repúdio e nojo. No entanto, o filme proporciona uma forma de analisar os erros cometidos pelas pessoas durante a vida, visto que o pai do personagem principal o deixou quando criança para morar com outra mulher que trabalhava em seu café, nunca mais havendo nenhuma relação afetiva entre os dois. De forma inusitada, encontram o endereço de sua antiga residência, quando este falecido e solitário necessita ter o seu corpo removido do local. Neste momento, Daigo pode ter a oportunidade de perdoar o seu pai, percebendo que não é porque nunca o procurou que não se lembrasse ou não o amasse, simplesmente sentia vergonha pelo que tinha cometido, pagamento pelo seu erro durante toda a vida. Pode-se fazer uma analogia com a pena adotada hoje em nosso sistema jurídico, que proporciona a possibilidade da pessoa poder se redimir, levar uma nova vida,