resenha filme Índios do nordeste
A idéia central do filme proposto é a dessacralização do conceito de autenticidade como forma imperativa de classificação, além de uma abordagem etnográfica de grupos indígenas pouco estudados pelos antropólogos. Críticas que ensejam os critérios básicos para designar o que seria os verdadeiros índios do Brasil são propostas com o intuito de analisar a mistura presente nos grupos indígenas nordestinos, tais sejam Pankararé, Tuxa e Kiriri. Vale salientar que a terminologia índios do nordeste, como afirma João Pacheco de Oliveira, serve apenas para indicar a região em que os mesmos estão localizados, e não por qualquer outro ponto em comum que poderia ser relacionado a todos eles.
A descrição sucinta de parte da história dos três grupos indígenas mencionados faz crer que os mesmos estão inseridos dentro do conceito de índios “genéricos” explanado por Darcy Ribeiro e reiterado por outros antropólogos. Como afirma João Pacheco de Oliveira, “os povos indígenas do Nordeste não foram objeto de especial interesse para os etnólogos brasileiros” (1998: 47), nesse sentido, o que justificaria a falta de interesse dos mesmos estaria no fato dos índios nordestinos não possuírem “distintividade cultural” (1998: 48) necessária e já estarem fadados a total assimilação pela sociedade nacional e a mestiçagem. Assim, “os índios do Nordeste não possuiriam mais importância enquanto objeto de ação política (indigenista), nem permitiriam visualizar perspectivas para os estudos etnológicos” (1998: 50). Desse modo, os índios do nordeste eram vistos num plano do passado, como uma lembrança do que eles já teriam sido, e não do que eles são hoje em dia.
Os próprios questionamentos, feitos no filme “Índios do nordeste”, em que se indaga se ainda existem índios no nordeste, ou se caboclo é índio, demarca a problemática da identidade do indígena “transformado”. Essa fronteira que delimita até onde se tem o índio e onde