RESENHA FILME: QUANTO VALE OU É POR QUILO?
Quanto vale ou é por quilo é um filme de Sérgio Bianchi. Uma livre adaptação do conto “Pai contra mãe” de Marchado de Assis, entremeando com pequenas crônicas de Nireu Cavalcanti sobre a escravidão, extraídas do arquivo nacional do RJ. O filme está dividido em subtítulos, com cenas que, geralmente, fecham um significado, um sentido. Bianchi faz uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a exploração da miséria pelo marketing social. O filme fala da degradação do ser humano, como as pessoas com a máscara da bondade se aproveitam da miséria dos outros. Também é uma denúncia sobre a beneficência feita no Brasil. Bianchi se utiliza da ironia para relatar a situação social no Brasil e faz uma crítica à forma que o governo tenta resolver os problemas sociais. Ao invés de oferecer oportunidades, constrói mais presídios para os explorados importunadores. Faz uma analogia entre o antigo trabalho escravo e a exploração da miséria na atualidade, por meio de cenas que exibem os dois momentos de forma alternada e possibilitam uma comparação entre estes por parte do telespectador. Aborda o abuso existente, por ONGs, que fazem uso da miséria para conseguir verbas em benefício de um pequeno grupo, provocando um sentimento de indignação frente à questão levantada por parte de quem assiste, uma vez que, é sabido que na realidade, fatos como estes acontecem no espaço e tempo real.
Bianchi apresenta o capitão do mato como vivo ativo e servindo, forçado pela situação social, aos desmandos dos grandes senhores de hoje, ou mascaradas por outros. Na cena que se inicia a história, é noite e está escuro. Homens se locomovendo a cavalo e a pé, levam à luz de tochas um escravo preso sob o protesto de sua dona. Nas músicas e nos sons, nos figurinos e na reconstrução da época, nas imagens no primeiro plano, as quais tornam mais fortes à emoção do telespectador. O filme alerta para questões que parecem ter ficado no passado, mas