Resenha filme hotel ruanda
O filme defende a atuação pessoal no âmbito social, através da figura de Paul, um homem comum cujo compromisso pessoal com valores humanitários o leva a arriscar-se para salvar vidas. Os valores familiares e a solidariedade social (com a defesa de vizinhos e amigos a princípio, se estendendo para a defesa de qualquer compatriota em necessidade) também são de fundamental importância do decorrer do filme, apresentados pela dinâmica familiar entre Paul, Tatiana e seus filhos, e entre a família e seus vizinhos e os refugiados que ajudam. O filme opõe esses valores à divisão e agressão entre concidadãos que se passa fora do hotel.
Outro tema importante é a falta de ação do “mundo civilizado” frente à uma crise humanitária catastrófica. O filme critica duramente a posição da comunidade internacional e das Nações Unidas durante a crise. De fato, o mostra-se explicitamente como a intervenção esperada pela população simplesmente não veio e como o mundo deixou os ruandeses à sua própria sorte em meio a uma monstruosa carnificina (Em 2006, num artigo sobre a crise em Darfur, Paul Rusesabagina diria que o mundo deixara Ruanda “se afogar no próprio sangue”).
O filme pode ser considerado uma crítica do colonialismo, na medida em que parece relacionar a colonização com o massacre (a criação artificial das etnias é mencionada, assim como a administração belga diversas vezes), e mostra que as conseqüências da expansão colonial na África se estendem até os dias atuais. Hotel Ruanda também não se concentra demasiadamente nas violências entre civis ruandeses, se concentrando em figuras de autoridade como o general Bizimungu, e em membros oportunistas da Interahamwe, como Rutaganda dando-lhes mais responsabilidade sobre os eventos, e encarando a população em geral, mesmo os hutus envolvidos no massacre, como vítimas de circunstâncias históricas e jogos de poder além de seu