Resenha filme em nome de deus
Esses foram os "crimes" das mulheres: Margaret foi estuprada por um primo durante uma festa de casamento, e cometeu o erro de denunciá-lo; a órfã Bernadette foi pega conversando muito freqüentemente com os rapazes da vizinhança; e Rose é mãe solteira. Na Irlanda da década de 60, isso era suficiente para uma menina passar o resto da vida nas lavanderias administradas pelas freiras (aliás, outras igrejas cristãs da Irlanda tinham residências semelhantes). E, no caso dessas três, sua vida será infernizada pela irmã Bridget (Geraldine McEwan), provavelmente a personagem de hábito mais terrível da história do cinema. Diante disso, as jovens têm poucas escolhas: capitulam, armam pequenas vinganças ou tentam escapar.
Se é verdade que as casas realmente existiram (a última fechou em 1996), e mulheres sofreram muito dentro delas, também é verdade que Peter Mullan adotou um tom de propaganda em seu filme. A Liga Católica norte-americana denunciou o filme como anti-católico, não há nenhum personagem de batina ou hábito que não seja um monstro, nada deixa a entender que os padres e freiras do filme possam ser as famosas "maçãs podres", exceções dentro de uma instituição, e não há nenhum esforço em explicar como (e se) pais e religiosos imaginavam fazer algo de bom pelas meninas com aquele tipo de tratamento. O próprio diretor criticou em entrevistas a Igreja Católica, classificando de "bobagem" a crença em céu e inferno. Os recentes escândalos sexuais