resenha filme divã
Confesso que eu sou destes que torce o nariz para os “blockbuster” nacionais. Filmes feitos para levar multidões ao cinema, e bater recordes com um produto cinematográfico nem sempre tão bom, mas que arrasta multidões. Geralmente, para ver algum enlatado televisivo.
Encarei ver “Divã” pela curiosidade do texto de Martha Medeiros e por me simpatizar com o trabalho de Lília Cabral. Assumi a bronca e sentei num Cinemark, numa quarta-feira à noite.
Difícil foi assistir à sessão sem a risada forçada e fora de hora do público, dos comentários toscos de casais que pensavam estar vendo o filme na própria casa, ou rodeado de amigos, os deles, obviamente.
A poluição sonora não atrapalhou a emoção de ver “Divã”. Não, não é um filme imperdível e nem um clássico nacional. È honesto, com piadas singelas – sem forçar “muito” a mão na obviedade - e popular. Se identificar com Mercedes – a personagem de Lília – não é difícil.
Mercedes é uma mulher lúcida, vai ao analista sem saber porque. Pois se sente feliz, realizada. Casada à quase duas décadas, dois filhos adolescentes e um marido com quem mantêm uma relação morna, Mercedes pinta quadros para assim dar conta do seu interior, das metáforas da sua alma.
O que faz com que Mercedes cause empatia é justamente sua necessidade de transgredir o pré-estabelecido, a rotina. Em contraponto a ela, a amiga (Alexandra Ritcher) é careta e passional. Duas visões diferentes para o feminino, se chocando e se entrelaçando. Mercedes trai o marido, fuma maconha, e se mostra disponível a viver, afinal avisa: “não vou estar pronta nunca”.
Os melhores momentos do filme são quando a protagonista conversa com o analista. Está ali o creme de lá creme do filme. Quando Mercedes mostra fragilidade sem ser piegas ou melodramática e é naturalmente engraçada. O trabalho de composição de Lília Cabral, que por anos interpretou a personagem no teatro, é o grande motivo para o filme dar certo. Numa interpretação mais contida, a