Resenha feitiço do tempo
O filme é uma comédia que toma esta tradição com ponto de partida. de um apresentador de TV de metereologia, sem amigos, nem amores. Phil é o “homem do tempo”, aquele que prevê o tempo no mundo e que se vê como “o dono” do tempo. Tanto ele como a marmota que também se chama Phil teriam a capacidade de prever o tempo – a duração do inverno. Inicia-se a alegoria.
Phil é enviado para Punxsutawney, para uma entrevista chatíssima e insignificante sobre o tal dia da Marmota. Devido a uma nevasca, pernoita na cidade e, após um dia em que tudo dá errado, Phil passa a acordar repetidamente naquele mesmo dia, sem que mais ninguém, além dele, se perceba da situação.
No repetir sucessivo dos dias, o protagonista tem tempo suficiente para reavaliar suas respostas ao meio. Aceita ser impossível transformar o que lhe vinha externamente, e gradualmente, passa experienciar o lugar, as pessoas com quem convive, abrindo-se para novas aprendizagens e outras formas de se relacionar, aprofundando-se nelas e em si mesmo. Ao reconhecer que não é capaz de mudar a realidade externa, descobre que pode, sim, mudar seu modo de lidar com esta realidade, modificando suas atitudes. Passa a agir diferentemente, descomprometido com os resultados imediatos de seus atos, não mais tratando o tempo como inimigo, mas como uma contingência inevitável, que passa a usar em seu favor. Aprende, aperfeiçoa-se, doa-se ao outro, adquire a capacidade de se preocupar e descobre-se capaz de amar.
O Dia da Marmota, cria uma espécie de vácuo existencial para o protagonista onde um único dia é revivido à exaustão até que este possa perceber que lhe é possível, sim, ser o criador de seu próprio tempo. O filme aponta também para o fato de que é crucial que o tempo vivido, para que seja transformador, precise ser um tempo criado pelo próprio