RESENHA "ESTAMIRA" O Documentário Estamira, filme de Marcos Prado, mostra uma das múltiplas faces da vida, faz uma reflexão a respeito da loucura, da sociedade onde vivemos e da própria existência humana. Ao assistir este fascinante filme que muito me inquietou, precisei fazer pausas significativas para refletir a quantidade de conteúdos que a personagem nos “despeja”, ora mostrando sua revolta, em outras a sua força e esperança. Muitas vezes sonhadora e poeta dizendo do sentido da vida, da impotência e desamparo do ser humano. Ao mesmo tempo que o filme se torna depressivo, também evidencia o lado humano, vivaz, com as relações de Estamira construída através dos amigos do lixão, de solidariedade e respeito, conhecida como a “bruxa de Gramacho” Estamira, de pensamentos abundantemente criativos, lúcida e de extrema sensibilidade e todas as características de seu distúrbio mental, são uma mulher que conseguiu livrar-se dos hospícios do RJ, onde teve uma passagem que lhe trouxe mais sofrimento. Sua mãe já havia passado por manicômios até o momento em que Estamira foi resgatá-la. Sobrevivendo através do trabalho em um lixão onde atua com amor e orgulho, ela afirma que “não trabalha por dinheiro”, mas sim “faz dinheiro”. Convive e se harmoniza com pessoas solidárias e amigas e afirma que prefere viver em péssimas condições no lixão, do que ser tratada em hospícios. O filme mostra como a sociedade excluiu indivíduos e é desumana, tem como tema central a loucura e a pobreza, onde a força que Estamira encontrou para ser parte do processo social, foi vendendo seu trabalho e fugindo do estigma de louca reconhecido pelos filhos e médicos. É uma lição pra a sociedade, consumista e capitalista onde o ser humano só vale pelo que produz, incapaz de acolher em seu meio pessoas acometidas por transtornos mentais como Estamira , que é fruto desta desigualdade e do descuido social. Estamira narrou os maus-tratos nos serviços de saúde mental, dos manicômios e dos