Resenha Ensaio sobre a cegueira
Bem, a verdade é que nesta resenha não pretendo esboçar grandes críticas ou apontar defeitos, pois de fato gostei da obra. Na verdade, nem sei porque afinal fiz tamanha digressão, mas achei importante fazê-la. Usufruo deste direito, tal como Saramago ao escrever seus trabalhos, pois as vezes breves digressões falam mais do que o próprio assunto principal. Enfim, sem mais delongas, vamos à obra.
“Ensaio sobre a cegueira” é um romance com potenciais fantásticos, onde uma enfermidade misteriosa, caracterizada como “mal branco” e com potenciais de se tornar uma doença de caráter global, deixa cega boa parte da população portuguesa. Preocupadas, as autoridades decidem por confinar em quarentena os grupos humanos doentes e com risco de contágio, de forma a conter uma possível pandemia. E neste universo paralelo, sem contato com o mundo exterior que não seja na forma de suprimentos anônimos e guardas armados que vigiam as saídas, os confinados vivem uma sub existência onde a cegueira física em nada se compara a cegueira da alma.
Com personagens anônimos, cognominados apenas pela sua função social ou característica física marcante – a mulher do médico, o garoto estrábico, o primeiro cego – a narrativa se desenvolve. Nele, estes personagens desprovidos de identidade, apresenta-se este mar humano que é a nossa sociedade de hoje, onde o indivíduo perde sua caracterização pessoal e é englobado pela massa.
A mulher do médico, única personagem a manter a visão em meio