Resenha - Em defesa da Sociedade. Foucault
Foucault inicia retomando as guerras de raças para explicar o conceito de racismo de Estado e produz sua história a partir da dominação soberana sobre a vida, que foi pano de fundo para suas análises sobre guerras e raças. Na teoria clássica da soberania, o soberano detém o poder de ¨deixar viver¨ ou “fazer morrer” o súdito, depois das longas transformações do direito político do século XIX se instala uma reformulação deste, o direito de “fazer viver” e “deixar morrer”, seguido pela disciplina do trabalho que com intuito do aumento de produção individualiza os corpos, especifica suas características e produz tecnologia para aumentar-lhes a força útil como exercícios. Assim Foucault aponta duas formas de poder, o poder disciplinar estabelecido pela dinâmica de guerras e firmado pelo trabalho e que abre espaço para a preocupação e cuidado com a própria vida. E é esse zelo pela permanência da vida que move os indivíduos a firmar um contrato social e a constituir um soberano que defenda esse direito. O segundo poder desenvolve daí uma tecnologia capaz de se dirigir aos homens em massa, afetada por processos conjuntos próprios da vida, como nascimento, morte, doença, produção, que o autor chama poder da “biopolítica” da espécie humana.
Os fenômenos coletivos se tornam pertinentes no nível da massa, aleatórios e imprevisíveis, porém seguem uma certa constância, e é nessa constância e padrão de fenômenos que a biopolítica terá seu foco, analisando questões de nascimentos, óbitos, taxa de reprodução, de fecundidade, que somados a problemas econômicos e políticos deram início a pesquisas, mapeamento dos fenômenos de controle dos nascimentos, esboço de uma política de natalidade e os controles técnicos passaram a ser sobre a massa. Entretanto a morte é a única questão que escapa ao poder da biopolítica, a morte passa a ser escondida,