RESENHA DO LIVRO O OLHO MAIS AZUL
Texto extraído do livro “Gargantua: Manufactured Mass Cultura”, de Julian Stallabrass (título original: The duty to consume).
Em seu texto “The Duty to Consume”, ou “O dever de consumir”, em tradução livre, Stallabrass aborda a relação entre comprar por prazer e comprar por obrigação, expondo o que exatamente está sendo comprado nesses dois processos. Na leitura do texto, é possível identificar três assuntos principais, que são: comprar pro prazer, valor e utilidade da imagem e lado perverso das mercadorias.
O texto é aberto com a seguinte afirmação: “É interesse dos produtores e vendedores tratar o ato de comprar como uma atividade prazerosa em vez de uma obrigação” (tradução livre). Tal afirmação tem se provado eficiente, já que é muito comum ver grupos de amigos se reunindo nos shoppings mesmo que não tenham qualquer intenção de comprar. Stallabrass vê o shopping como a atividade artística de países de terceiro mundo e isso explica a existência de diversos shoppings, localizados em áreas diferentes da cidade, e com públicos-alvo de diferentes grupos sociais.
Shoppings são lugares muito especiais, com uma atmosfera diferenciada, criada exatamente para dar a impressão de estarmos em um mundo diferente que concentra em si todas as oportunidades possíveis. A decoração de alguns shoppings, a iluminação usada são semelhantes às de uma igreja, com a diferença que, no lugar de santos e outros ídolos, temos manequins. Além disso, shopping centers criam um ambiente diferenciado do mundo exterior, geralmente excluindo a luz do dia, controlando a temperatura e até a circulação do ar.
Pensando na importância da imagem para o ato de comprar, o que é vendido aos consumidores é mais a imagem de uma mercadoria e o que ela representa do que seu próprio valor de uso. Então, o que é importante, por exemplo, não é ter um simples abridor de latas, cuja função principal função é a de simplesmente abrir latas, mas sim ter um abridor de latas do