Resenha do livro o abolicionismo
Joaquim Nabuco afirma que o regime escravo, adotado por Portugal em sua colônia americana, não só fundou a forma como se deu o Estado e a sociedade brasileiros como nele se desenvolveram todas as nossas relações sociais, políticas e econômicas ao longo de sua história.
Desde a colônia o regime escravo consistia na utilização de mão-de-obra africana em monoculturas latifundiárias isoladas umas das outras, nas mãos de um único proprietário, que só visava seus interesses imediatistas. Desse modo tanto o Estado quanto a sociedade se tornaram fracos, e forte é a elite que procura manobrar o país conforme seus interesses.
A tudo isso, que parece tão real aos tempos de hoje, é herança do regime escravo. Nabuco analisa que a escravidão penetrou tão forte e profundamente nas nossas relações sociais que se tornou parte mesmo de nossa constituição nacional e a determinou o plano material e o plano das mentalidades em todas as suas esferas.
Tal era a necessidade imediata de se abolir a escravidão que seu atraso acarretaria em consequências cada vez mais desastrosas para o futuro da nação. Por isso que Nabuco não desejava tão somente a abolição. Esta seria apenas o primeiro passo necessário para o progresso moral, político, social e econômico do país. Haveria que se pensar, portanto, num projeto para o futuro, para se minar as consequências da escravidão após a abolição, o que seria dos escravos ao se tornarem cidadãos brasileiros, e o que seria da nação no decorrer das gerações.
O autor expõe ao leitor a sua causa, a quem os abolicionistas representam, o que eles defendem, e desde o princípio, Nabuco deixa clara a importância do africano na constituição do país, tanto na mestiçagem que povoou o país quanto na sua utilização como instrumento de trabalho. Porém, mesmo afirmando toda essa importância do africano escravo, a campanha abolicionista não se dirige a eles, mas aos seus representantes, os abolicionistas, pois se