Resenha do livro “A morte e a morte de Quincas Berro D'Água”
Jorge Amado foi o autor que mais representou o Brasil pela forma da Bahia. O Brasil baiano, caracterizado pela mistura e diversidade de trejeitos, atitudes, formas e sentimentos.
O livro “A morte e a morte de Quincas Berro D'Água” traduz muito bem essa linguagem incisiva marcante de Jorge Amado. O livro é uma clara crítica aos moldes burgueses de comedimento. O protagonista, visto como um depravado e vagabundo pelas autoridades, possui uma família de amigos de festa e diversão. A grande maioria vista como marginais da sociedade, pessoas humildes, os típicos malandros. Entretanto, durante todo o enredo da história, mostram-se fiéis amigos e companheiros de Quincas. Com esse grupo de amigos, com suas amantes, Quincas Berro D’Água realmente foi feliz e viveu pleno. Tanto que mesmo após sua morte, ele continua a perambular por Salvador como se estivesse vivo, no encargo dos companheiros.
Embora seja visto como um exemplar festeiro, Quincas já fora outrora Joaquim Soares da Cunha. Esse, um exemplar funcionário público, pai de Vanda, bom marido. Porém, toda aquela vida adequada aos padrões da sociedade da época não se enquadrava em quem Joaquim realmente era - um homem com anseios de desejo por vida. A verdade é que essa moderação imposta pelo bom senso não se enquadra no perfil do ser humano. Quincas Berro D’Água representa a liberdade de se livrar das amarras burguesas presentes na sociedade brasileira do século XX. Logo, o livro configura-se entre os mais marcantes da segunda geração modernista.
O livro traz consigo denúncias sociais. O cenário é a Salvador dos miseráveis, dos humildes. Além disso, mescla com o espiritismo do Candomblé. Dessa forma, Jorge Amado representa um verdadeiro Brasil em sua obra, sem máscaras, com personagens inseridos em cenários e ações do cotidiano. Sabe se valer da fantasia como quando a explicação do nome “Quincas Berro D’água” é dada. Muito tempo só bebendo álcool, um