Resenha do livro "a construção das cidades segundo seus princípios artísticos"
Notável arquiteto e pintor austríaco, Camillo Sitte tinha bastante influência e autoridade no desenvolvimento de planejamento e construção urbana. Além disso, é considerado o primeiro “esteta”, fato evidenciado na sua obra A construção das cidades segundo seus princípios artísticos. Neste, o autor faz uma crítica estética ao urbanismo do final do século XIX. Utilizando-se da praça como elemento de observação, o autor faz uma análise da importância da mesma para as cidades antigas e medievais, de modo a estabelecer uma comparação com a cidade moderna, fazendo assim uma crítica quanto ao crescente descaso com a questão estética.
A praça é, de fato, um espaço de extrema importância para a cidade, visto que promove e combate, respectivamente, inúmeras relações e patologias sociais. Sendo essas relações traduzidas em redes de encontros e esquivanças, a praça se torna um facilitador da vida social. Além disso, é um elemento significativo nos intercâmbios socioculturais, se tornando um local que, por excelência, traduz o espaço físico da diversidade cultural. Nesse contexto, Sitte lamenta a perda das características urbanas presentes na configuração de outrora.
Antigamente, a praça era palco de festas públicas, cerimônias e até mesmo de movimentos, sendo, assim, um espaço essencial da cidade. Nas palavras de Sitte: “nas cidades antigas, as praças principais eram uma necessidade vital de primeira grandeza, na medida em que ali tinha lugar uma grande parte da vida pública, que hoje ocupa espaços fechados, em vez das praças abertas” (p.17). Para evidenciar a importância desse espaço, o autor lança mão de referências como as ágoras gregas e os fóruns romanos, que, segundo Mumford – em seu livro A cidade na história - suas origens, transformações e perspectivas – se caracterizavam por ser o centro da vida