Resenha do livro "Uma história da razão"
François Châtelet inicia sua abordagem afirmando que a razão foi inventada. Para ele, o “locus” dessa invenção foi a Grécia clássica, mais precisamente no seio da sociedade ateniense. A razão teve seus primórdios na democracia, onde a palavra ganhou uma importância capital, pois acreditava-se que aquele que dominasse a expressão oral dominaria a cidade, sendo, consequentemente, detentor da razão. Com isso, estabeleceu-se uma nova relação de poder entre os homens. Anos mais tarde, Sócrates rebateu essa ideia afirmando que saber utilizar a palavra mecanicamente de nada serviria se o locutor não dominasse o conteúdo de suas afirmações.
Platão, discípulo de Sócrates, construiu sua obra primordialmente contra os sofistas, seguindo os passos de seu mentor. Seu discurso refutou o ideal de democracia existente até aquele momento, tentando dar-lhe uma nova roupagem. Para este filósofo, saber falar eloquentemente, apenas, nada significava. Seu foco estava no diálogo, na dialética. Ou seja, contrapor argumentos de maneira sucessiva, a fim de se achar uma resposta satisfatória às inquietações, tornando-a universal. Baseado nesse pensamento, Platão deu significado a mais um conceito fundamental: a verdade. Sendo assim, o discurso filosófico, por seu valor universal, refletiria a realidade, uma vez que seria verdadeiro.
Após observados esses aspectos iniciais, Châtelet traça um paralelo entre a razão e a realidade. Ele inicia este processo