Resenha do livro planejamento estrategico conceitos metodologia pratica djalma rebouças
Reynaldo Damazio
Com o advento da história das mentalidades e do cotidiano, um novo enfoque tomou conta dos estudos historiográficos. Os heróis foram substituídos pelos cidadãos comuns e os
"grandes ciclos" se pulverizaram nos movimentos oscilantes do dia a dia. O historiador abandonou o "plano geral" e passou a se dedicar aos detalhes, montando um quebra-cabeças com os micro-processos que dão alento aos fatos históricos.
Essa perspectiva teórica se desdobrou na recente moda dos estudos culturais. Muita bobagem tem sido dita e impressa sob tal rubrica, mas às vezes um ou outro estudo realmente sensível e pertinente merece atenção. É o caso de O casaco de Marx - roupas, memória, dor; de Peter Stallybrass, professor de inglês da Universidade da Pennsylvania. O livro traz dois pequenos ensaios que têm como assunto central a questão da vestimenta nas relações sociais, estabelecendo finas interligações entre o universo do uso pessoal, da subjetividade, e o das complexas redes de sociabilidade.
Numa abordagem original e curiosa, o autor explora o processo de humanização das roupas, que se amoldam não apenas ao corpo, mas à sensibilidade das pessoas, carregando marcas profundas de quem as usa. A história social acaba impressa nos objetos que fazem parte da vida das pessoas. Roupas e objetos são preciosos depósitos da memória, material impregnado de informações que esperam por uma interpretação acurada, capaz de resgatar os pedaços de uma história perdida, ou menosprezada. Nesse resgate pode-se compreender os modos como a ideologia vai se infiltrando e metamorfoseando nas mínimas esferas dos sentimentos pessoais. Ou como os valores se traduzem no gestual, nos hábitos, nos rituais de comportamento. No segundo ensaio, Stallybrass demonstra a importância do casaco de Karl Marx, em suas idas e vindas à loja de penhores, num momento crucial de sua vida de intelectual que mudaria a história da humanidade. Justamente durante o duro